segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

AS FALHAS DA RELIGIOSIDADE

Autor: João Luiz

Por que o mal acaba sendo tão sedutor? Por que o bem parece ser algo tão distante, inalcançável? Você tem sido bem acolhido pelas pessoas que buscam a santidade? Será que para alcançar o Reino dos Céus temos que viver o inferno na terra?
Já no início de minha vida, na infância, me passaram a ideia de que para ser santo teria que sofrer e até morrer de forma dolorosa, martirizado, para provar a fé diante de Deus e que servirmos de testemunhas do amor de Deus, ou seja, seria um amor que exige sacrifícios extremos para ser válido. O amor estaria intimamente ligado ao sofrimento e a resignação. Aprendi que qualquer tipo de prazer nos afastaria de Deus, então o caminho para encontrar a Deus seria através do sofrimento, pois o sofrimento purifica a alma.
Mais adiante, me ensinaram que só o cristianismo salvaria, e que pessoas de outras denominações religiosas estariam condenadas a sofrerem no inferno por toda a eternidade, por mais que tivessem levado uma vida de retidão.
Quando eu estava mais crescido, as coisas se complicaram mais, pois já não bastava ser cristão, mas teria que ser desta ou daquele igreja cristã, pois se fosse seguir os rituais de outras Deus não nos reconheceria. 
Não podemos esquecer que já nascemos pecadores, fruto do pecado. Então mesmo que os pais se casem seguindo todos os preceitos religiosos, ainda assim estão pecando quando tem intimidade um com o outro e disso nasce um filho legítimo do casamento de duas pessoas que se amam e se apoiam. Então, se não quiser pecado, não faça nenhum tipo de sexo em hipótese nenhuma. 
Durante muito tempo me senti culpado por desejar ter alguém ao meu lado, até na intimidade. Achava que olhar alguém do sexo oposto e desejar fosse pecado, e que para não ter minha alma queimada no fogo do inferno eu teria que ter olhos somente aí para Deus e nada mais. Bastava eu amá-lo e tudo mais me seria dado, isso significava que não precisaria estudar ou me esforçar pra nada. Achava que trabalhar era uma forma de pôr a fé em Deus em dúvida, pois os passarinhos não cultivam a terra e Deus as alimenta. Também achei que casar era um pecado, mesmo que fosse um homem fiel temente a Deus. Achei que poderíamos até viver sem comer porque a palavra de Deus era o suficiente para alimentar nossa alma e corpo. O tempo passou, essas pessoas que colocaram essas idéias em minha cabeça já se casaram, tiveram filhos e já estão em vias de se aposentar. 
Aí vem outra questão. Enquanto pessoas religiosas tem muitos pré-requisitos para tem amizade com alguém, pessoas do mundo não tem esse tipo de exigência. Tem gente de tudo quanto é tipo, mas uma coisa as pessoas do mundo ou pecadoras tem em comum: "Me aceite como sou e te aceito também". 
As ditas pessoas do mundo são todas aquelas que não seguem a rigidez de uma agremiação religiosa cristã. Podem ser pessoas de outras religiões ou outro tipo de preferência.
De certa forma, se você não tiver santidade o suficiente, não terá a atenção de uma pessoa religiosa. Tudo que você pode estar querendo seja apenas companhia para não se perder com as seduções que o mundo oferece, e tudo que você poderá receber será conselhos do tipo: "Se entregue a Jesus agora" ou "Peça a Deus e Ele te dará". Mas tudo que você queria era companhias de boa índole que não estimulassem seu lado mais mundano.
De certa forma, essa rigidez religiosa é que acaba afastando muitas pessoas de desejarem conhecer a Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo, além daquela ideia de que tudo que é bom é pecado e que para se chegar ao caminho da salvação só com muita penitência. Essa ideia de que quanto maior for o sofrimento maior será sua salvação não parece ser uma ideia muito atraente.